quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Liga Europa: Guimarães goleia, Estoril e Paços perdem

V. Guimarães-Hnk Rijeka, 4-0 

Bem-vindas a Guimarães noites europeias. Há dois anos que o D. Afonso Henriques não recebia jogos da Liga Europa e tirou a barriga de misérias com um triunfo contundente por três bolas a zero diante dos croatas do Rijeka. A equipa de Guimarães lidera o Grupo I da Liga Europa.

Com a maior goleada de sempre da sua história nas competições europeias, a equipa de Rui Vitória alcançou o 16º triunfo do seu historial nas provas internacionais. Abdoulaye, Nii Plange, Maazou e André André apontaram os golos com que o V.Guimarães entrou a ganhar na edição 2013/2014 da Liga Europa. 

Em relação à última partida do campeonato português, em Vila do Conde, Rui Vitória fez quatro alterações estreando Malonga. Os «Conquistadores» estrearam dez jogadores nas competições europeias, três deles estreias de sonho (Nii Plange, Maazou e André André) com direito a fazer o gosto ao pé.

Abdoulaye quebrou o gelo

Começou algo receosa a equipa do V.Guimarães. Compreensível. Os minhotos iniciaram o jogo com sete estreantes nestas andanças, que nunca tinha jogado nas provas europeias. Apenas Abdoulaye, Moreno, André Santos e Malonga já tinham atuado em jogos deste calibre.

O Rijeka tentou jogar com a maior inexperiência da equipa portuguesa e logo nos minutos iniciais. O experiente Benko, principal referência dos croatas, gelou a cidade-berço logo aos oito minutos ao pôr em sentido o último reduto Vitoriano. Ganhou a Abdoulaye e Paulo Oliveira e gelou por completo o estádio D. Afonso Henriques.

Contudo Abdoulaye quebrou o gelo ao minuto 36, inaugurando o marcador. O V.Guimarães crescia, é certo, ia colecionando oportunidades tímidas, mas faltava abanar as redes de Vargic. Na sequência de um pontapé de canto, o gigante apareceu na pequena área a ganhar a segunda bola para fazer explodir o estádio. 

Segundo golo na hora certa

Rui Vitória não podia desejar melhor arranque do que aquele que teve no segundo tempo. Os croatas preparavam-se para entrar com tudo na segunda parte, a força com que entraram depois do intervalo deixava-o antever, mas o ímpeto durou apenas três minutos. Nii Plange ampliou a vantagem vimaranense logo aos 48 minutos e permitiu à equipa da casa partir para uma exibição tranquila.

Estendeu-se a passadeira vermelha ao V.Guimarães, perante um Rijeka que acusou em demasia o segundo golo. Os croatas esmoreceram por completo, depois de 15 jogos consecutivos sem sentir o sabor da derrota. Quem não se fez rogado foi o V.Guimarães, que aproveitou para avolumar o resultado.

Maazou e André André ampliaram o resultado para números expressivos, para gáudio dos 9794 espectadores presentes nas bancadas do D. Afonso Henriques. Arranque auspicioso do V. Guimarães na Liga Europa. Bem-vindas a Guimarães noites europeias.




Estoril-Sevilha, 1-2 

O Estoril bateu-se dignamente mas foi derrotado no arranque da fase de grupos da Liga Europa. Frente a um Sevilha com outros argumentos, a equipa portuguesa acusou um pouco o ambiente de um dia especial. Com muita alma foi possível discutir o jogo até ao fim, mas o triunfo espanhol acaba por ser justo, tendo em conta o número de oportunidades criadas por ambas as equipas.

Acabou por ser um apelido português, Gameiro, a dar a vitória ao Sevilha, que teve em Marko Marin a grande figura. O alemão fez, entre muitas outras coisas, a assistência para o primeiro golo, de Vitolo. Bruno Miguel ainda empatou, mas a equipa de Unai Emery confirmou depois o favoritismo.

Risco sem castigo

A estratégia elaborada por Marco Silva implicava uma boa dose de risco. O Estoril aceitou que fosse o convidado a assumir as despesas de jogo, e depois tentou neutralizá-lo com uma linha defensiva algo subida, bem colada aos médios.

Mas a verdade é que os avançados do Sevilha, bastante móveis, foram aparecendo nas costas do último reduto português. Logo aos dez minutos foi Bacca a aparecer isolado, mas Vagner evitou o golo.

Foi a primeira de quatro grandes oportunidades criadas pela formação espanhola na primeira parte. Seis minutos depois Marín fugiu pela esquerda (fica a ideia que estava fora de jogo) e rematou em jeito ao poste mais distante, mas falhou o alvo por pouco. Pouco depois o alemão voltou a escapar pela esquerda e tentou assistir um colega, mas Babanco cortou (21m). Depois foi o outro lateral do Estoril, Mano, a evitar o golo de Bacca quase em cima da linha (22m).

O Estoril jogava então de forma precipitada, perdendo a bola facilmente a meio-campo. Só no último quarto de hora da etapa inicial é que a equipa portuguesa conseguiu sacudir um pouco a pressão, mas sem criar grande perigo. O único remate digno desse nome foi da autoria de Sebá, e saiu a uma distância razoável do poste, com Javi Varas a controlar (42m).

Marko Marín, sempre o elemento mais perigoso do Sevilha, criou também a primeira ocasião da segunda parte. O alemão foi da esquerda para o meio em «slalom» e depois rematou rasteiro, com a bola a sair ligeiramente ao lado (48m).

Mais espaço e a guerra dos «trunfos»

Na etapa complementar o jogo ficou mais partido, com o Estoril a chegar com outra regularidade à baliza contrária, já com o tridente ofensivo mais inspirado. Mas isto agradou também ao Sevilha, que em contra-ataque acabou por chegar à vantagem. Marín tinha de estar na jogada, deixando Vitolo com a baliza à sua mercê. O camisola 20 do Sevilha não desperdiçou a oferta (58m).

Só que este Estoril nunca se dá por vencido, e precisou de apenas três minutos para restabelecer a igualdade. Balboa descobriu Evandro na área e este, perante a saída do guarda-redes, tocou lateralmente para a conclusão de Bruno Miguel, depois de um defesa visitante ter falhado corte.

Ambos os técnicos lançaram depois os seus «trunfos», e Unai Emery acabou por ser mais feliz nesse aspeto. O luso-francês Kevin Gameiro saltou do banco para marcar o golo da vitória da formação visitante, numa jogada muito idêntica à do primeiro tento (77m).

Gerso também entrou bem no jogo, e agitou o ataque do Estoril, mas sem efeitos práticos. Na última jogada do encontro o esquerdino cruzou na medida certa para Bruno Miguel, ao segundo poste, mas Javi Varas evitou o empate com uma bela intervenção.





Fiorentina-P. Ferreira, 3-0 

Sete jogos, sete derrotas, sete pecados sobre a cabeça de Costinha. Mortais? Talvez a receção ao Vitória Setúbal, na próxima segunda-feira, nos possa dar pistas mais concretas sobre a matéria. Por ora, falemos sobre o 3-0 em Florença: inapelável, justo, natural. 

O quadro é feio e nem a visita à mais Renascentista das cidades o atenua. Na brilhante obra dirigida por David Fincher, Seven, a cena final completa o puzzle maléfico de um serial-killer chamado John Doe. A ira toma conta do detetive Mills e a tragédia consome todas as personagens. 

No Paços Ferreira o cenário, embora menos sangrento, aproxima-se dessa representação. Tantas derrotas, tantas ilusões desfeitas, só podem potenciar e alimentar esse derradeiro pecado: a ira. 

Para sobreviver ao próximo teste, na liga portuguesa, Costinha tem de fazer entender aos jogadores que a recuperação já lá não vai com boas intenções. Ou matam, ou morrem. Para os mais sensíveis, ou ganham, ou o técnico poderá não resistir a mais um desmando. 

O Paços joga feio? Não, pratica um futebol interessante. O Paços é competitivo? Não, sofre de limitações gravíssimas, nomeadamente no processo defensivo. O primeiro golo da Fiorentina, de resto, é um exemplo perfeito desta insuficiência de concentração. 

Após canto na direita, Gonzalo Rodríguez larga o marcador direto (aparentemente Bebé) e surge a cabecear completamente sozinho, a centímetros de Degra. Impossível. E isso numa altura em que o Paços dividia o jogo e até sugeria ser capaz de discutir o resultado. 

Os italianos, espertíssimos, até chegaram a baixar as linhas e a dar a bola aos «castores». E isso, fazer circulação, o Paços sabe fazer. O problema é que essa posse é feita de forma lateralizada, nos melhores momentos. 

Na frente tudo faltou. O menino Christian Irobiso, que Costinha só lança em jogos da UEFA, é muito verde para estas andanças; Bebé e Hurtado, com algumas boas ações, foram quase sempre facilmente anulados. 

Seja como for, o Paços esteve a perder só por 1-0 até aos 67 minutos. O pior veio depois. Ryder Matos marcou, Giuseppe Rossi imitou-o logo depois e a goleada fez-se anunciar. Valeu ao Paços a retração auto-imposta pela Fiorentina. 

Não deixa, ainda assim, de meter impressão a fragilidade emocional da equipa. Com o segundo golo, o Paços tremeu e caiu. Baixou os braços e ansiou pelo fim do jogo. Costinha só nesse instante decidiu mexer na equipa. 

As mudanças, porém, pareceram mais para gerir (a pensar no jogo de segunda?) do que para reagir. Não há história que suporte oito pecados seguidos.


Sem comentários:

Enviar um comentário