De acordo com o jornal "La Nouvelle Republique", os agentes da Polícia terão mandado parar um carro que seguia de forma irregular, aos ziguezagues, pela rua. No interior do veículo estavam sete pessoas.
Segundo um representante da Unité SGP Police-Force Ouvrière, o sindicato da Polícia Nacional Francesa, em declarações à rádio France Bleu, o condutor dava sinais de se encontrar embriagado e negou-se a fazer o teste de alcoolemia.
A partir daí, a tensão aumentou e uma mulher mordeu um dos polícias, sendo imobilizada.
Tentando resistir aos agentes da autoridade, a jovem acaba por levantar-se, enquanto é agredida à bastonada pelo agente que responde de forma agressiva às provocações verbais.
A mulher e os restantes ocupantes do carro foram, então, repelidos através de uso de gás pimenta.
Momentos depois, o vídeo mostra a mulher, que foi agredida e atingida pelo spray, deitada no chão. Reforços da Polícia chegam e carregam a jovem imóvel para o interior do carro.
"Foi um ato de racismo"
Em declarações à France 24, um morador da rua onde a detenção ocorreu, que se identica com o nome falso de Mohammed contou que eram cerca de sete horas quando acordou com os gritos que vinham de fora de casa.
Da janela viram um homem no chão que implorava aos agentes que parassem enquanto era algemado. "Antes do início do vídeo, vimos a mulher a pontapear o Polícia na cara", conta a testemunha.
"Fiquei chocado ao ouvir o polícia dizer 'são sempre os mesmos'", continua, classificando a atitude dos agentes como racista e preconceituosa.
"A vizinhança é calma. Nunca vi a Polícia a atuar desta forma. Foi um ato de racismo: não acho que os oficiais agiriam desta forma se estivessem a lidar com brancos", afirma.
O autor das imagens, Sélim Brisset, aceitou ser entrevistado pelo canal de televisão francês, BFM TV.
Confirmando as declarações do vizinho Mohammed, o jovem diz-se chocado e considera que os agentes não têm o direito de agir daquela forma.
Comportamentos deste tipo por parte da polícia são, no entanto, classificados como "frequentes" no bairro.
"Não há lugar para a violência na polícia francesa"
Colocado no Youtube com o título "A vergonha da polícia francesa", o vídeo tornou-se viral e conta já com mais de 1,5 milhões de visualizações.
"Os polícias de Joué-les-Tours devem ser suspensos. São a desgraça da polícia francesa", escreveu o jornalista Jean Yves Violler, na sua página do Twitter.
Em resposta, o ministro do Interior francês Manuell Valls, de acordo com o "Le Parisien", confirmou, na passada terça-feira, que o inspetor-geral da Polícia Nacional já foi informado dos acontecimentos.
Reprovando o uso de força, o ministro afirmou que o caso não deve servir para julgamentos generalizados acerca da polícia. "A maioria dos agentes desempenham uma profissão difícil e notável. Não aceito o título "a vergonha da polícia francesa", disse ao "Libération".
Segundo o "Le Monde", Bruno Albiseti, procurador da adjunto da Républica de Tours, já convocou todos os agentes envolvidos no caso para apurar a verdade dos factos.
"Estou em contacto com o departamento de segurança pública para saber o que, de facto, se passou. Acredito que se ouvirmos os polícias não precisaremos de abrir uma investigação", disse.
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