domingo, 25 de agosto de 2013

O FC Porto recebeu e venceu o Marítimo por 3-0

Segura e simples, virtuosa e impaciente. Aparição imaculada dos tricampeões, arrasadores em todos os itens do jogo, perante um adversário com pouco para oferecer ao jogo. Três golos e três pontos para o F.C. Porto, num capítulo acessível e de leitura light na história da Liga.

Pose de Estado, superior e autoritária, do primeiro ao derradeiro instante. Muita bola, muita circulação, entendimento irrepreensível neste inovador 4x2x3x1, já bem avançado, se pensarmos na fase precoce do novo ano futebolístico. 

O F.C. Porto foi tão sólido, aliás, que aparentou conhecer de trás para a frente a película exibida. 
Como se este argumento fosse já muito visto e gasto, como se este F.C. Porto antecipasse cena a cena e reconhecesse cada pedaço de diálogo. 

Como se soubesse, enfim, desde o início a forma como o filme ia acabar. 

Acabou com o artista em pose triunfante e a donzela, ladyvitória, nos braços. Primeiro Jackson, depois Licá, mais tarde Josué de penalty, encenaram o baile do triunfo, com o guião a ser respeitado através do rigor e da centelha dos grandes mestres. 

Ao Marítimo exigia-se mais, sim. Vinha moralizado pela vitória sobre o Benfica e esperançado em repetir o feito. É verdade que até entrou bem, organizado e coeso, mas rapidamente perdeu a fala e o equilíbrio. 

A máscara da segurança foi caindo, caindo, até deixar os insulares sem nada para mostrar e muito menos por esconder. O olhar de bad guy, provocador, esbarrou no poderio azul e branco. Pedro Martins queria homens de aço, frequentadores habituais de saloons, e só viu meninos bebedores de leite. 

O Oeste selvagem, à beira Douro plantado, demandava argumentos que este Marítimo não tem ou, pelo menos, não mostrou ter. A diferença foi grande, enorme, coincidente com o desnível no resultado. 

Entre as limitações de uns e as virtudes de outros se fez o andamento do jogo. 

Bem o Porto, comandado por um Licá incontrolável, a servir Jackson para o primeiro golo e a marcar ele próprio o segundo; bem o Porto, a fazer pressão altíssima, a aproximar Lucho das zonas do ponta-de-lança e a não passar por calafrios no processo defensivo. 

Há necessidade de ajustar peças, limar arestas e aperfeiçoar o sistema defendido por Paulo Fonseca, naturalmente, mas este F.C. Porto está bem e é já é um entusiasta pela cultura do golo e do espetáculo. 

O contexto favorável permitiu inventar, lançar Quintero e Iturbe, confirmar a riqueza deste plantel em contraponto com o da época passada. A intensidade foi baixando com o avançar dos minutos, mas ninguém deve ter levado a mal a descompressão. 

Nessa fase, de resto, em que as bancadas cantavam e os jogadores do F.C. Porto improvisavam, o Marítimo limitava-se a maquilhar o cadáver. Não tinha reação, não tinha vida, somente um punhado de dignidade.

Pouco, muito pouco, para um F.C. Porto que esteve sempre um passo à frente. Como se antecipasse cada momento da partida.

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