sábado, 27 de julho de 2013

Sporting-Real Sociedad, 2-0 ( jogo de apresentação )

Há uma frase na conferência de imprensa de Leonardo Jardim que ajuda a explicar esta vitória, e provavelmente este Sporting.

«Temos de viver com o que somos.»

Uma frase destas, vinda de um homem cujo maior mérito é a capacidade descomplicar, torna a vitória leonina bem mais esclarecedora.

No fundo este jogo foi uma amostra fiel do que pode ser o Sporting: sem os recursos extravagantes dos maiores rivais, a formação leonina precisa de compreender o seu lugar neste mundo que é o futebol nacional, precisa enfim de descer do pedestal e fazer das fraquezas forças.

Foi o que fez.

Sem um futebol elegante e presunçoso, mas com uma entreajuda e um compromisso com o jogo notáveis, o Sporting foi rigoroso, solidário e um bocadinho socialista no sentido apolítico do termo.

Colocou enfim a ideia coletiva de futebol acima dos caprichos individuais: pressionou alto, foi exemplar nas compensações e protegeu-se mutuamente. 

Os adeptos gostaram e aplaudiram, claro. É certo que ainda falta muita coisa, falta sobretudo maior esclarecimento nas saídas para o ataque, mas este Sporting tem recursos para se bater até ao fim.

Esta noite, por exemplo, frente a um bom adversário, que terminou a última liga espanhola no quarto lugar (e garantiu por isso o acesso à Liga dos Campeões), o Sporting marcou numa bola parada bem trabalhada (cruzamento ao primeiro poste e finalização de Maurício) e num remate fantástico de Adrien Silva de fora da área.

São dois recursos, está bom de ver. Há mais, porém: as saídas rápidas para o ataque deixaram Ricardo Esgaio na cara do golo, por exemplo.

No fundo só a criação de perigo em futebol continuado não correu tão bem: sobretudo na primeira parte, o Sporting passou muito tempo com a bola sem conseguir rematar à baliza.

É uma falha grave, claro que sim, sobretudo porque no campeonato vai encontrar adversários muito fechados, mas esta equipa está no início do processo de construção. Leonardo Jardim começou pela base e por princípios tão básicos como o espírito coletivo.

Um espírito que manteve a baliza inviolável.

A esse propósito, foi precioso ver como Adrien Silva, por exemplo, ele que no passado era acusado de estar sempre muito longe do jogo, se comprometeu com a equipa, atacou, defendeu, compensou companheiros e surgiu a fazer cortes na grande área de Rui Patrício.

Um exemplo, enfim, do que é este novo Sporting: uma equipa que sabe que tem de viver com o que é e que mesmo assim quer se feliz. 

Para início de conversa, está bom: os adeptos gostaram.

Ficha de jogo:

Estádio de Alvalade
Assistência: 28 994 espetadores

Árbitro: Hugo Miguel
Assistentes: Pedro Garcia e Hernâni Fernandes

SPORTING: Rui Patrício (Marcelo Boeck, 63m); Cedric, Eric Dier, Maurício (Fobobo, 68m) e Jefferson; William Carvalho e Adrien Silva (João Mário, 75m); Labyad (Esgaio, 46m; Rinaudo, 63m)), André Martins (Montero, 75m) e Capel (Carrilo, 63m); Cissé (Wilson Eduardo, 46m). 
Suplentes não utilizados: Não houve

REAL SOCIEDAD: Bravo; Estrada (Zaldua, 63m), Iñigo Martínez, Cadamuro (Etxabeguren, 63m) e José Angel (De la Bella, 63m); Chory Castro (Gaztañaga, 63m) , Elustondo (Ros, 46m) e Pardo (Fuchs, 63m); Carlos Vela (Sangalli, 63m), Seferovic (Agirretxe, 46m) e Zurutuza (Griezmann, 63m). 
Suplentes não utilizados: Zubikarai.

GOLOS: Maurício (22m) e Adrien Silva (54m).

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