Fica o resultado, é verdade, um punhado de boas intenções e a certeza de que saber escolher o que usar ainda é uma virtude. Já vimos provas mais fortes e convincentes do tricampeão nesta pré-época.
Exigir perfeição a um corpo em crescimento seria, mais do que absurdo, injusto. Seria como acusar sem provas contundentes, seria precipitado. Temos disso perfeita consciência. Por outro lado, é impossível não constatar a imensidão de erros cometidos e a dificuldade em ser forte onde normalmente o F.C. Porto é (ou era) insuperável.
Referimo-nos ao processo de posse e circulação, e à paciência adulta nele aplicado. Nesta apresentação no Dragão o Porto poucas vezes teve isso. Foi errático, usou e abusou do passe longo, não conseguiu envolver todos os setores na mesma causa.
Os sinais do que o técnico pretende são conhecidos. Pressão alta, jogo dinâmico, aproveitamento dos extremos e consistência defensiva. Desses quatro vetores, em bom rigor, o Porto pouco teve. Nem tudo foi mau, naturalmente, e a espaços a equipa encontrou-se.
Só que os testes sul-americanos, principalmente o de Bogotá, sugeria que a equipa já se conseguisse aproximar com autoridade das zonas mais atraentes do seu jogo. Não o fez e a vitória, justa, até podia ter fugido na fase derradeira do encontro.
O Celta, depois de ter passado uma hora a defender, aproveitou o desnorte das substituições e obrigou Fabiano Freitas e duas ou três intervenções decisivas. Outra nota: a movimentação pretendida por Fonseca para o trio do meio-campo não está afinada.
Mesmo os nomes que mais entusiasmo têm causado - Iturbe, Kelvin, Josué - pouco revelaram nesta cerimónia de apresentação. Ficou a ideia de vontade a mais, até sofreguidão, o que não só prejudica como consome.
Consome a serenidade, corrompe a lucidez. Só isso explica a ação inaceitável de Kelvin sobre Nolito, já perto do fim. Pontapeou o espanhol três vezes, até provocar a reação deste e instalar o caos no relvado. Juízo, Kelvin!
Insistimos na ideia inicial: este F.C. Porto tem peças de luxo, superiores às da temporada anterior ou, pelo menos, em maior número. Sobra a vitória (o golo de Jackson foi obtido em posição irregular), a estreia de Juan Quintero e a convicção de que o plano idealizado por Paulo Fonseca ainda não é suficientemente sólido.
Pelo menos para quem se mostra ao povo com um traje de número acima. É imperativo crescer.
Ficha de Jogo:
Jogo no Estádio do Dragão, 45.309 espetadores
Árbitro: Hugo Pacheco
F.C. PORTO: Helton (Fabiano, 46); Danilo, Otamendi (Maicon, 72), Mangala e Fucile (Abdoulaye, 72); Fernando (Castro, 72) e Defour (Josué, 46); Varela (Licá, 72), Lucho (Quintero, 84) e Iturbe (Kelvin, 46); Jackson (Ghilas, 84).
Suplentes não utilizados: Kadú, Alex Sandro, Reyes, Herrera, Carlos Eduardo, Tiago Rodrigues, Ricardo e Izmaylov
Treinador: Paulo Fonseca
CELTA: Yoel; Hugo Mallo, Gustavo Cabral, Andreu Fontàs e Toni; Borja Oubiña e Jonathan Vila; Augusto Fernandez, Alex Lopez e Orellana; Charles.
Jogaram ainda: Krohn-Dehli, Sergio, Goldar, Fontás, Rafinha, Nolito, David Añon, Tuñez, Belvis, Madinda, Yelko, Borja Fernandez
Treinador: Luis Enrique
GOLOS: Jackson (13)
Cartão amarelo: Toni (66) e Nolito (90)
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