Ganhar o carro do fisco é tão difícil como acertar no euromilhões

A Autoridade Tributária anunciou ontem que o primeiro sorteio da Factura da Sorte vai acontecer no dia 17 de Abril e serão atribuídas excepcionalmente duas viaturas. O ipediu ao matemático Jorge Buescu para analisar as probabilidades de ser vencedor e a boa notícia é que no primeiro concurso serão como os Audi, a dobrar. A má é que são "astronomicamente pequenas": ter sorte no sorteio de lançamento tendo um cupão a concurso, equivalente a 10 euros em facturas, é tão improvável como ganhar o primeiro prémio do Euromilhões com uma aposta simples. Pensando que o contribuinte médio terá 20 cupões (200 euros em facturas) as hipóteses aumentam mas não muito: "Será qualquer coisa como pensar em ganhar o primeiro prémio do Euromilhões com quatro a cinco apostas simples, um boletim de 10 euros", explica o professor do departamento de matemática da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

Daqui para a frente, quando começarem os concursos semanais em que será atribuído apenas um automóvel, as probabilidades pioram ao ponto de ser mais racional ter fé no Euromilhões.

Para já, usando o universo de cupões elegíveis nos sorteios deste mês, 207 milhões, Jorge Buescu explica que se só estiver um carro a concurso é aproximadamente duas vezes mais provável uma aposta simples ganhar o primeiro prémio do Euromilhões do que ter um carro. Mas como a probabilidade de ganhar a factura da sorte está directamente ligada ao número de cupões a sorteio, eis algumas contas adicionais. Um apostador com pelo menos dez cupões em jogo (equivalente a 100 euros em facturas) poderá sentir-se tão confiante como quem joga semanalmente dois euros no Euromilhões à espera de ficar milionário.

Com 20 cupões (200 euros em facturas) terá uma probabilidade de ganhar o Audi semelhante à de ganhar o primeiro prémio do Euromilhões com duas ou três apostas simples. Com 500 euros em facturas (50 cupões) terá a mesma probabilidade de ser vencedor como quem preenche o boletim inteiro do jogo da Santa Casa, idêntica portanto à que terá o contribuinte médio no primeiro sorteio.
Comparando com outro jogo de azar (ou pura sorte), é dez vezes menos provável que ganhar o 1.o prémio do Totoloto com uma aposta simples.