Praticamente três anos após a apresentação oficial como treinador do Real Madrid, José Mourinho está de saída do clube. O divórcio entre as duas partes foi anunciado nesta segunda-feira pelo presidente Florentino Pérez, numa conferência de imprensa no Estádio Santiago Bernabéu, que serviu também para anunciar a data das próximas eleições: 16 de Junho.
“A relação entre o Real Madrid e José Mourinho
terminará no final da presente temporada. Tanto o clube como o treinador
concordaram que é o momento adequado para dar por terminada esta ligação”,
anunciou o dirigente, que agradeceu o trabalho realizado pelo técnico português
nos três anos em que esteve no comando da equipa. A visita à Real Sociedad e
recepção ao Osasuna são os últimos dois compromissos de Mourinho, que deixa para
trás três troféus: Taça do Rei em 2010-11, Liga em 2011-12 e Supertaça no início
da temporada 2012-13. O destino do técnico português passará por um regresso a
Inglaterra, com o Chelsea a ser apontado como forte possibilidade.
“[Com Mourinho] demos um salto qualitativo enorme, no plano desportivo. O
Real Madrid está hoje no lugar que lhe corresponde. O balanço, do ponto de vista
desportivo, é positivo”, sublinhou Florentino Pérez. “Neste ano chegámos à
meia-final da Liga dos Campeões, fomos segundos na Liga espanhola, mas para nós
não é suficiente. Faltou-nos um pouco mais. Este é um clube muito exigente.
Estamos orgulhosos por esse nível de exigência. A nossa cultura é ganhar”,
acrescentou.“Mourinho é o treinador que mais tempo leva no cargo, entre os 20 equipas da Liga espanhola. Não é fácil, numa instituição submetida a tanta pressão como este clube”, prosseguiu Florentino Pérez, que não desvendou qualquer detalhe em relação ao sucessor de Mourinho no Real Madrid: “Será uma nova etapa, e queremos que seja uma pessoa que nos ajude a continuar a melhorar. Hoje temos uma grande estabilidade institucional e económica”.
Carlo Ancelotti, que conduziu o Paris Saint-Germain ao título em França, tem sido insistentemente apontado como possibilidade para treinar o Real Madrid em 2013-14, mas Florentino Pérez garantiu que ainda não falou com ninguém: “Não fizemos nenhum acordo ou pré-contrato com nenhum treinador. É um dossier a ser tratado nos próximos tempos”.
“Será sempre recordado nesta casa”
Questionado sobre os atritos entre José Mourinho e alguns jogadores do plantel (Iker Casillas ou Pepe, por exemplo), o presidente do Real Madrid sublinhou que “cada treinador tem a sua personalidade”. “O nível de pressão a que esteve submetido não é normal”, notou Florentino Pérez, admitindo que a saída de Mourinho do clube faz deste “um dia triste”. “[Mourinho] será sempre recordado nesta casa. É uma parte da nossa história.”
É indubitável que o treinador português está nas páginas da história do Real Madrid. Pela positiva e pela negativa. Por um lado, conduziu os merengues ao título de campeão espanhol, batendo o Barcelona de Pep Guardiola, considerada por muitos como a melhor equipa do mundo. E quebrou um ciclo de seis anos seguidos do Real Madrid a ser eliminado nos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, levando o clube a três meias-finais consecutivas e recuperando algum do prestígio europeu.
Mas também foram muitos os episódios polémicos protagonizados por Mourinho na capital espanhola. Desde o braço de ferro com Valdano, que conseguiu afastar do clube, até às constantes críticas à arbitragem. Em Agosto de 2011 chegou mesmo a meter o dedo no olho de Tito Vilanova, então adjunto de Guardiola no Barcelona, durante a segunda mão da Supertaça espanhola que os catalães venceriam.
Mais recentemente, Mourinho remeteu o guarda-redes internacional espanhol Iker Casillas à condição de suplente, admitindo mesmo que um dos seus arrependimentos foi não ter contratado o guarda-redes Diego López logo quando chegou a Madrid. E, quando o internacional português Pepe pediu “respeito” por Casillas, Mourinho disse publicamente que o defesa é um homem “frustrado”.
O último episódio polémico aconteceu na sexta-feira, durante a final da Taça do Rei, que o Real perdeu para o Atlético de Madrid. Mourinho foi expulso durante a partida, e depois não subiu à tribuna para receber a medalha de vencido das mãos do rei Juan Carlos.
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