Nasceu para os mercados emergentes mas agora aplica-se aos que submergem. O vasto C-Elisée é um Citroën dos grandes por menos de 20 mil euros
O C-Elisée é muito Citroën por pouco dinheiro. São apenas €19308 por um sedan de quatro portas com espaço, boa mala, motor turbodiesel e… emblema bem conhecido. Isto porque a Citroën não precisou de comprar outras marcas para criar alternativas. Os DS posicionam-se lá para cima, enquanto este C-Elisée é a proposta racional. Tudo com o mesmo símbolo. E bem vistas as coisas, não há motivos para complexos. Estamos a falar da mesma marca que concebeu, e muito bem, tanto o sofisticado SM como o minimalista 2CV.
A plataforma do C3, aqui “esticada” em quase20 cm (para os 2,65 m de distancia entre eixos), assegura esta aparência digna, com linhas formais de sedan, embelezadas por cromados na base dos vidros e na grelha. É claro que no detalhe surgem vestígios da redução de custos, como o escape que parece apenas… um tubo, ou a antena com um comprimento, digamos, antiquado. Mas no geral o C-Elisée tem o saudável aspeto de um C4 com “cauda”. No habitáculo a redução de custos é mais óbvia. O plástico rijo domina o ambiente mas com um certo cuidado decorativo, por exemplo na consola central, criteriosamente desenhada e sem a confusão de botões de diversos formatos e distribuição anárquica que costumamos encontrar em produtos que vão buscar componentes a gamas descontinuadas.
É certo que os comandos dos vidros assumem posição económica, junto à alavanca de mudanças, mas acabam por ser bem visíveis e funcionais. A instrumentação limita-se ao essencial, adicionando também ela um “detalhe” que marca grande diferença para quem olha a números: o computador de bordo. O ar condicionado tem regulação manual com uma útil função automática de desembaciamento rápido. E para as viagens mais longas a que o C-Elisée possa ser chamado podemos contar com a preciosa ajuda do programador de velocidade.
A qualidade sonora do sistema áudio não impressiona, embora haja comandos no volante e função Bluetooth para o telefone. Já os locais de arrumação fechados não abundam, surgindo compensados por um fundíssimo porta-luvas. Os 4,42 m de comprimento e 1, 74 m de largura que o C-Elisée apresenta por fora permitem bastante espaço para as pernas no banco traseiro, mesmo para quem viaja ao meio, devido à quase ausência de túnel central. A maior crítica vai para os encostos de cabeça, substituídos por duas saliências demasiado pequenas para merecerem esse nome e insuficientes para susteremo súbito e perigoso recuo da cabeça em caso de impacto traseiro.
DESEMBARAÇO
O motor turbodiesel com 92 CV e 230 Nm de binário disponível logo às 1750 rpm permite que o C-Elisée se mexa bem com esta caixa de cinco velocidades, que o deixa desenvolver e não o penaliza demasiado nos consumos. Realizámos facilmente médias abaixo dos 5 litros em autoestrada a ritmos normais e conseguimos até 4,0 litros aos cem em estrada nacional, entre os 80 e os 100 km/h.
Mesmo com cinco adultos a bordo a genica não merece críticas, embora a brandura da suspensão convide a afrouxar antes das curvas, mesmo sob a vigilância dos sistemas de controlo de estabilidade e de tração, incluídos de série. Nas viagens maiores o conforto é o que seria de esperar de um carro que poupa nos materiais de isolamento para ser competitivo no preço. As irregularidades da estrada são suficientemente filtradas, enquanto o motor se ouve bem a bordo, constituindo este um eficaz convite a levantar o pé, sob pena de aumentar tanto os consumos como o cansaço.
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