segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Matança do porco. A tradição ainda é o que era

A luta entre homens e animal volta a cumprir-se. A derrota está sempre do mesmo lado. É proibido? É. Mas faz-se? Faz

Quem já assistiu à matança de um porco decerto não esqueceu os guinchos do animal. O desespero de quem tem a certeza de que o espera a morte. Nos arredores de Lisboa, ao início da manhã, um grupo de cinco homens ultima os preparativos. Todos os anos celebram o ritual. "Isto é mais pelo convívio, pelas minis bebidas entre amigos e pelos petiscos", afirma o dono do porco. Durante seis meses tratou de o engordar para este dia. Mal sentiu a presença dos homens, o animal soube o que ia acontecer. Todo este processo é fortemente criticado pelas associações de protecção dos animais, que considera o ritual "extremamente cruel". Para a ANIMAL, "é desumano que os porcos sejam sacrificados num ritual que não tem, não pode nem deve ter lugar numa sociedade civilizada". A verdade é que, apesar de proibida, a tradição continua a cumprir-se por todo o país.

Depois de se afiarem as facas e de se preparar a mesa onde se vai deitar o porco, é a hora de o agarrar. Uma tarefa hercúlea. Entre guinchos estridentes de quem tenta ingloriamente agarrar-se à vida, os seis homens conseguem finalmente agarrar o animal e prender-lhe as pernas com cordas. Um combate desigual, ganho pela força. Pascoal é o responsável por dar o golpe ao porco com a longa lâmina da faca. Todos os outros agarram o animal até ao momento certeiro. "Já está, não mexe mais, pá", exclama um entre goles de mais uma cerveja. "Porra, este deu luta", responde outro. Depois de recolherem todo o sangue - "isto aproveita-se tudo!" -, Manuel tem a tarefa de chamuscar o porco para retirar o pêlo.

Com a chama de um maçarico ligado a uma botija de gás e com a destreza de quem conhece a tarefa, percorre todo o corpo do animal. A pele é depois raspada com uma faca, sempre com uma garrafa de cerveja na outra mão. Toda a carne será usada para consumo próprio e "para algumas patuscadas". "É o melhor da vida, comer e beber entre amigos", diz Jaime. Haverá dúvidas?




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